ISSN: 2447-3170
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EDITORIAL
O ano 2020 entra na História da espécie humana (Homo sapiens sapiens), como um período marcado pela angústia, pela incerteza, pelo medo... Vimos uma espécie que se auto proclama como primazia da natureza em relação aos outros seres que coabitam a terra, se amedrontar frente ao ataque mortal de um vírus 2019-nCoV (Covid -19) cuja potência de disseminação faz com que a contaminação se espraie velozmente.
Nesse contexto, fica evidente que os processos de aceleramento técnico-científicos que possibilitam deslocamento de pessoas de forma muito mais rápida, tanto no âmbito nacional quanto internacional, acabam por permitir e/ou facilitar um maior índice de contaminação em escala planetária num curtíssimo espaço de tempo.
leia maisDiante dessa nova realidade, a humanidade mergulha num desequilíbrio ecossistêmico sem precedentes na História. A aparente normalidade em que se encontrava a humanidade dá lugar a presentificação factual e, dessa forma, a incerteza do amanhã e o desespero atingem a todos uma vez que, passados onze meses do início da catástrofe, não se tem, ainda, um medicamento eficaz nem vacina em quantidade bastante para inibir esse mal que assolou o planeta, desertificou cidades e esvaziou a vida de milhões de pessoas.
É importante assinalar que esse mesmo humano, em geral, se opõe ao entendimento de que ele próprio é parte intrínseca da natureza e, agora, se vê numa condição de impotência e se dá conta da incapacidade de fazer com que as engrenagens do capitalismo (marcadamente caracterizadas pelas contradições sociais, pela perversidade e pelas desigualdades) funcionem adequadamente, num contexto pandêmico.
Assim, as estratégias de reprodução capitalista, tornam mais aguda a crise social. Nesse contexto, são as populações pobres que mais sofrem com a pandemia. São a elas negadas, pelo contexto de periferização, o acesso às condições sanitárias básicas para o enfrentamento da doença. É diante e em virtude de todos esses aspectos, que a Revista da Sociedade Brasileira de Ecologia Humana traz o presente dossiê.
O primeiro artigo de Gisele Duarte intitulado: “As plantas alimentícias não convencionais como contributo de subsistência e sobrevivência em tempos de escassez de alimentos”, traz à tona conhecimentos valiosos sobre segurança e autonomia alimentar, a partir do manejo de espécies ainda pouco conhecidas, mas de grande valor ecológico-alimentar.
O Segundo artigo, do professor Sérgio Murilo dos Santos, explica como “os riscos da sociedade mundial, diante dos perigos naturais, biológicos e tecnológicos e da Covid-19”, são prementes, ante as ‘ameaças’ daquilo que se denomina “sociedade de Risco”.
No terceiro artigo, o Professor Carlos Alberto, pesquisador e docente permanente do Programa de Pós-graduação em Ecologia Humana e Gestão Socioambiental – PPGEcoh, discute as práticas zooterápicas da Etnia Truká. No estudo, o professor não só identifica diferentes espécies como também os usos zooterapêuticos e métodos de uso para promoção da saúde da referida comunidade. Lembra, também, que tal característica não exclui o acesso à medicina convencional.
No quarto artigo, o professor Paulo Sérgio Farias analisa o contexto de isolamento social e discute sobre experiência espaço-temporal de um período que ele denomina de tempo suspenso e de contenção territorial.
No quinto e último capítulo, o professor Ávila-Pires se debruça sobre o que ele chama de categorias falsas e, também, sobre correlações duvidosas e cálculos inadequados difundidos em redes virtuais que, muitas vezes, levam a conclusões epidemiológicas falhas.
Por fim, na seção Notas, encontraremos os escritos do professor Nilson Cortez em que ele traça itinerários para entender a História da Geografia, mergulhando numa das derivações dessa ciência que é a Geografia da Saúde Humana. Diante dos enunciados propostos pelos autores, no sexto número da Revista da SABEH, nos juntamos a todos e todas para a leitura de mundo difundida nesse periódico, na expectativa de que as aprendizagens proporcionadas possam resultar em saberes que, de certo, serão muito importantes para todos nós, ao tempo em
que retroalimentarão a rede de conhecimento sobre as temáticas já existentes e que tratam das discussões aqui delineadas.
Coordenação do Editorial
Profa. Dra. Maria do Socorro Pereira de Almeida.
Universidade Federal Rural de Pernambuco - email: [email protected]
Prof. Dr. Sérgio Luiz Malta de Azevedo
Universidade Federal de Campina Grande - email: [email protected]