As utopias projetam um porvir generoso como crítica do presente, mas são edificantes na medida em que ignoram as determinações necessárias à efetividade da justiça; de acordo com a origem etimológica, utopia significa lugar inexistente. Henri Lefebvre quis salvar o conceito acrescentando o adjetivo ‘experimental’: referia-se a utopias experimentais como forma de indicar um sonho mais consistente e capaz de perpassar a realidade. Pensamos que, nessa encruzilhada civilizatória em que estamos submergidos, é preciso, com Michel Foucault, falar em heteroutopias, isto é, de novos lugares emergentes que abalam e superam o sistema-mundo marcado pela colonialidade do poder. Heteroutopias consistem em novos espaços ordenados com base na forma-comunidade, voltados a soldar os mundos e criar, pela primeira vez, o humanismo universal, analógico e dialético.
Luiz Eduardo Gomes do Nascimento
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