- Revista Ecologias Humanas - Vol. 1 nº. 1 - 2015
- NASCER DO RIO
- ECOLOGIA HUMANA: Uma visão global
- Multidisciplinary Perspectives about Disasters
- Ecocídio das Serras do Sertão - Volume 1
- A (In)Sustentabilidade na dialética da inclusão / exclusão
Para nós é motivo de satisfação poder apresentar esta obra, fruto de esforço coletivo de vários pesquisadores e estudantes, que colocaram, diligentemente, suas energias em torno dessa contextura, demonstrando, assim, que a mobilidade do dito o é, também, do contradito. Esse sentido, simetrias e assimetrias formam um par dialético que se afastam e se aproximam e é nessa catarse que se apoia os esforços que emergem neste livro.
São tessituras em que se oferecem análises primorosas e é nesse movimento que somos içados aos rudimentos que pululam o nosso imaginário consciente e inconsciente. Nesse sentido, a obra tem como mote principal, a relação de conformidade-inconformidade entre inclusão e exclusão em seus diversos desdobramentos e multidimensionalidades, factuais e conceituais. O título da obra, A (in)sustentabilidade na dialética da inclusão/exclusão, já é por si, indicativa do que o leitor encontrará nos pronunciados e enunciados do livro.
Dessa forma, nota-se que inclusão-exclusão caminham juntas e assim sendo, encontraremos na própria lógica das relações contraditórias e desiguais do capitalismo, interatuando com outras dimensões do conhecimento, os achados dessa profícua reflexão epistemológica.O livro é dividido em duas seções. Na primeira, os autores se detém ao entendimento da relação da (in)sustentabilidade, inclusão-exclusão no contexto escolar. Nessa perspectiva, a centralidade das discussões giram em torno de relatos de experiências, discussões teóricas e empíricas acerca da formação acadêmica e escolar na educação em geral focados, sobretudo, mas não exclusivamente, nas pessoas com deficiências, sejam elas físicas ou psicológicas.
Nesse sentido, percebe-se que o setor educacional brasileiro ainda continua, contraditoriamente, em processo de exclusão abissal.Deduz-se da leitura dos escritos, que as instituições de ensino (que deveriam centrar atenção nas estratégias formativas de modo a dar acesso às pessoas com algum grau de deficiência) tem atuado, muitas vezes, em sentido inverso, ampliando a segregação de tais estudantes. O leitor há de entender os motivos pelos quais isso acontece. Só para denotar, percebe-se que a base desses problemas estão nas políticas públicas de educação e a elas se somam muitos outros fatores que concorrem para essa condição abismal.
Note-se que, apesar das escolas, no geral, não terem logrado êxito esperado com essa modalidade de ensino, é fundamental ressalvar os esforços feitos por muitos, dentre os quais se incluem os escritores dessa obra. É o que se pode asseverar a partir das narrativas emblematicamente demonstradas nestes escritos, quase todos concentrados em estudos acadêmicos e/ou nos relatos de experiências vivenciadas em instituições especializadas no atendimento de pessoas com deficiências.
Na segunda seção, a centralidade dos postulados giram em torno de contextos socioculturais e outras linguagens, ou seja, em sentido lato, poderíamos nos referir a abordagens que comportam a (in)sustentabilidade dos processos de inclusão-exclusão nas diversas matizes de conhecimentos que permitem perceber tais problemáticas, originárias das relações
contraditórias e desiguais das relações capitalistas. São essencialmente observadas as invisibilidades de Povos e comunidades tradicionais, os processos de segregação étnico-raciais, inclusive no âmbito acadêmico e escolar e as inquietações das lutas de classe nos processos de exclusão social.
Observe-se que a literatura, como instrumento de leitura de mundo em perspectiva multidimensional, é largamente contemplada nessa seção.
A leitura do eu e do outro (outridade) é acolhida, não só na perspectiva mimética, mas, também, nas relações que a literatura mantém com outras ciências, sobretudo daquelas que se detém à análise da espacialidade de fenômenos geográficos, muitos dos quais associados a potência didática, que tais leituras proporcionam como instrumentação pedagógica.
Diante do exposto, desejamos e recomendamos vivamente essa viagem pela leiturização (por esse pedacinho de leitura) e salientamos a importância de contextualizar as realidades vistas e vividas, bem como a necessidade de leituras críticas e articuladas ao mundo em que vivemos.
Socorro Almeida
Sérgio Malta
Sônia Lira
Organizadores